quinta-feira, janeiro 18, 2007

O Flerte

Ah, maldito flerte inconsumável
prisão sem grades
sem sol quadrado
paixão inexplicável-necessária
como a do cão
pelo cio

Ah, poesia minha
quantas vezes estive prestes
a arrojar-me em teus braços?
Quantas vezes escorreram
por esses afoitos dedos
os morenos fios dos teus cabelos?

Ah, cidade dos meus dias
que ocultas versos em bueiros
esquinas
ruas que materializam moças
inéditas
e as fazem evaporar impreterivelmente
versos imundos
como os amo

Ah, labirinto irresoluto
ciciante
de melodias
palavras
fêmeas
maldito flerte com a poesia
não jorra
nem desocupa a moita!


Nardo





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