segunda-feira, setembro 17, 2007

Ter do que lembrar

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Do álbum de retratos que
minha mãe mostrou
restou a obra de ficção:
o bebê gordinho,
a criança saudável,
o adolescente dócil e
o jovem com meu rosto
contam alguma outra história.

(falta até a memória
de onde e quando
aprendi a reconhecer docilidade)

Lembrei mesmo quando vi a foto
do casamento da prima-irmã
da minha bisavó,
Júlia:
já quase em pedaços
me trouxe de volta os traços
de um poema que vivi.

(Prima Júlia era tão bela...
Ainda ontem cruzei com ela
numa esquina dentro de mim)

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