terça-feira, janeiro 23, 2007

Atropelamento

E ela simplesmente,
sem prévio aviso
ou qualquer autorização,
fez o dia escurecer
o doce murchar
e a beleza em geral
ficar assim,
meio desconfiável,
de segunda mão...

(Exijo indenização!)


Nardo

sábado, janeiro 20, 2007

Poema do ônibus 2006

Entre os dentes

Deixa a identidade, deixa a escova de dente,
traz teu leve desejo de ser minha por enquanto.
Lembra dos meus olhos que dizem sim,
te aninha em mim como o mundo parasse,
faz de mim necessário como o perfume do teu cobertor de estimação,
não a odiada mancha na tua roupa preferida,
imperdoável...

Repousa entre os dentes tua língua mágica
antes da pronúncia ridícula do meu nome
com ares de tédio e fim.
Entre os instantes de indefinição que vem,
lembro das promessas que fizeram tuas pernas,
infinitas, e agora o que sobra é procurar a meia esquerda,
não achar,
e vagar sem lembrar o caminho de casa...


Leonardo M. Paredes

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Poeminha de última hora

Antes
um pouquinho antes
do apagar das luzes
da aurora
da queda
do grito
e do revelador suspiro

Um pouquinho
bem pouquinho antes
da lágrima
do corte
do trote
do beijo
e do inevitável silêncio

Antes
na última hora
um mero átimo antes
do fim
e do adeus
enfim
deixo
pequeninha assim
a nesga de poesia
que havia em mim...


Leonardo M. Paredes
O Flerte

Ah, maldito flerte inconsumável
prisão sem grades
sem sol quadrado
paixão inexplicável-necessária
como a do cão
pelo cio

Ah, poesia minha
quantas vezes estive prestes
a arrojar-me em teus braços?
Quantas vezes escorreram
por esses afoitos dedos
os morenos fios dos teus cabelos?

Ah, cidade dos meus dias
que ocultas versos em bueiros
esquinas
ruas que materializam moças
inéditas
e as fazem evaporar impreterivelmente
versos imundos
como os amo

Ah, labirinto irresoluto
ciciante
de melodias
palavras
fêmeas
maldito flerte com a poesia
não jorra
nem desocupa a moita!


Nardo





Recado

A Poesia
manda recado:
quer que dêem conta
de que não aprecia
silêncios prolongados
ausências eternas
fugas despropositadas
afrontas públicas
e
talvez principalmente
quando fingem
desconhecê-la...

E mais:
para quem ainda não percebeu
manda dizer
que não escreve nem lê
nunca soube
nem saberá...

(Sempre vai de carona)


Leonardo M. Paredes

terça-feira, janeiro 16, 2007

Das Palavras

Sim, sim, quem sabe, talvez, deus querendo, esse espaço trará palavras.

Mais além, mais além, calma lá...

Até mais ver

Nardo